
Ontem, fui jantar a casa do Frederico Bustorff ( para os Amigos Bustorff, Storyborff, Tostorff, Catrastorff... ).
Foi uma grande surpresa encontrar um Amigo da faculdade no centro de Bruxelas, esta cidade é uma pequena aldeia global, não só pela diversidade cultural, mas pela facilidade em encontrar pessoas conhecidas e, foi este caso, quando por acaso encontrei-me com o Bustorff e descobri que estava a fazer ERASMUS aqui. Por isso, regularmente lá nos vamos encontrando.
Como ainda tinham sobrado alguns queijinhos, chouriços e alheiras trazidos pelas Joanas e pelo Rui, quando me vieram visitar, desafiei o Bustorff para um jantarito à emigrante.
O Frederico, para além de viver com dois Espanhois, neste momento está a acolher o Valery, um senhor Russo, que se aventurou no fim do Verão em procurar uma vida melhor aqui na Bélgica. Contudo, a sorte nem sempre se encontra ao lado de todos e, por isso, o seu sonho de encontrar uma vida melhor por cá tem-se esvanecido.
Segundo o que fomos apercebendo, através do pouco inglês que fala e da diversa lingua gestual que utiliza, o Valery foi professor de música durante 30 anos, esteve no exército Russo, viveu em diversos lugares na Rússia e queixa-se bastante da corrupção do seu país natal, para além das dificuldades pelas quais muitos Russos passam. Na sua bagagem não se encontram muitos objectos, para além de alguma roupa, encontramos o seu instrumento de trabalho, um piano. Neste caso, um piano transportável e com o qual tenta mostrar os seus dotes musicais, que são muitos, a possíveis empregadores ou somente aos transeuntes que passam na rua.
Pelo o que o Frederico me contou, conheceu o Valery por acaso e convidou-o a participar na banda sonora de uma curta metragem.
Mas retomando o nosso jantar...
Cheguei ao fim da noite encantado pelas aventuras contadas, mas acima de tudo, com uma satisfação pela experiência de partilha, por termos colocado na cara do Valery um grande sorriso e por nos ter transmitido uma enorme sensação gratidão. Pelo menos foi isso que senti quando recebi um grande abraço, mesmo antes de partir para casa.
E foi este pequeno gesto que me levou a deixar aqui esta experiência.
